SIMPLICIDADE
É difícil ser simples. Frase surrada,
mas perfeita. Diz o que tem a dizer. Comunica. Vai ao ponto.
Somos perdulários nas atitudes e nas
descrições. Gastamos saliva à toa, exageramos na dose, perdemos um tempo danado
dourando a pílula, sem reparar que poderíamos fazer tudo o que fazemos de
maneira mais rápida e funcional.
Para isso, é preciso ter noções de
economia. Porque simplicidade é reduzir excessos. É feijão com arroz, preto no
branco. Nada de purpurina e orquestra, recheios e encenações. Não precisamos de
muita produção para viver. Basta saber dizer sim e não, e dissecar o que for
mais complicado. Parece complicado? Mas é tão simples...
Conversando outro dia com alunos de um
curso pré-vestibular, me perguntaram como escrever uma redação, prova das mais
temidas para os pretendentes a uma vaga na universidade. Simples: sem enrolar.
Dizer o que passa pela cabeça como se estivesse conversando com o melhor amigo
numa mesa de bar, porém zelando pelo bom uso do xis, do zê e da cedilha. Não
abusando dos adjetivos: “Este grande Brasil dilacerado passa por um terrível
momento catastrófico e o povo humilde e amargurado sofre inenarráveis mazelas
brutais”. Não misturando os assuntos: “Se tivéssemos menos carros nas ruas, poderíamos diminuir a poluição e ouviríamos melhor o silêncio que é sagrado
principalmente depois da hora do almoço, quando tiramos aquela soneca porque
sofremos de insônia, um dos grandes males da humanidade”. Concentre-se e
resuma-se. Escreva um grande rascunho e, depois, strip-tease nele: deixe que
fique só o necessário para seduzir o leitor.
Ser simples é facilitar a vida dos
outros e a própria vida. Vale para se vestir, para declarar amor, para pedir
informação. “Moça, eu saí de casa atrasado e me esqueci de olhar o mapa e agora
preciso encontrar a rua Simões Pires pois é lá que tenho aula de piano às
quatro horas mas acho que por essa parada não passa ônibus da linha 31, não é?
Zzzzzzzzz, tarde demais, a moça pegou no sono.
Concisão é uma questão de hábito e
autoconfiança. As pessoas exageram porque acham que não estão sendo notadas.
Usam colar, pulseira, brinco, piercing, bracelete e ainda fazem uma tatuagem
desde o pescoço até o umbigo: impossível enxergar alguém por trás de tanto
adereço. Simplicidade é a busca do absoluto. É escapar de armadilhas e
descongestionar o pensamento. O trajeto mais curto para a felicidade. (Junho de
2001)
MEDEIROS,
Marta. Non-stop. Porto Alegre: L&PM, 2012.
01. O texto da escritora Marta Medeiros apresenta características que o enquadram como sendo do gênero
A) conto.
B) romance.
C) artigo de opinião.
D) crônica.
E) fábula.
02. Ao concluir a leitura do texto "Simplicidade", percebe-se que ele apresenta um caráter
A) crítico.
B) reflexivo.
C) filosófico.
D) fantasioso.
E) didático.
03. De acordo com a autora, as pessoas exageram nos adereços e acessórios por que
A) conto.
B) romance.
C) artigo de opinião.
D) crônica.
E) fábula.
02. Ao concluir a leitura do texto "Simplicidade", percebe-se que ele apresenta um caráter
A) crítico.
B) reflexivo.
C) filosófico.
D) fantasioso.
E) didático.
03. De acordo com a autora, as pessoas exageram nos adereços e acessórios por que
A) desejam
ficar mais bonitas e acompanhar a moda.
B) querem
ostentar riqueza, poder e fartura.
C) querem se fazer notar, mostrar às outras que elas existem.
C) querem se fazer notar, mostrar às outras que elas existem.
D) estão
sempre competindo entre si de maneira fútil e alienada.
E)
precisam melhorar a autoestima.
04. A
autora aconselhou a alguns alunos de pré-vestibular a não abusar de adjetivos
na redação e citou o exemplo:
“Este grande Brasil dilacerado passa por um
terrível momento catastrófico e o povo humilde e amargurado sofre inenarráveis
mazelas brutais”
Assinale o
item que apresenta todos os adjetivos
usados por Marta Medeiros no exemplo citado.
A) grande
– dilacerado – terrível – catastrófico – humilde – amargurado – inenarráveis –
brutais.
B)
dilacerado – momento – terrível – catastrófico – povo – humilde – inenarráveis
– brutais.
C) grande
– Brasil - terrível – momento – humilde – amargurado – inenarráveis – brutais.
D)
dilacerado – terrível – povo – humilde – amargurado inenarráveis – mazelas –
brutais.
E) grande
– terrível – momento – catastrófico – humilde – amargurado - inenarráveis –mazelas.
05.
Pode-se encontrar uma expressão empregada no sentido figurado em
A) “Diz o
que tem a dizer”.
B) “Para
isso, é preciso ter noções de economia”.
C)
“Escreva um grande rascunho e, depois, strip-tease nele...”
D) “...o
povo humilde e amargurado sofre inenarráveis mazelas brutais”.
E)
“...quando tiramos aquela soneca porque sofremos de insônia...”
06. Em “Somos
perdulários nas atitudes e
nas descrições”, pode-se substituir, sem prejuízo de sentido, o termo grifado
por
A)
avarentos.
B)
esbanjadores.
C) discretos.
D)
simplórios.
E) audaciosos.
07. Para Marta Medeiros, a simplicidade tem vantagens porque
A) as coisas mais simples têm um valor sentimental maior.
B) podemos ficar mais despreocupados e menos ansiosos.
C) sendo simples, gastamos e consumimos menos.
D) ela traz paz de espírito e mais união entre as pessoas.
08. A autora apresenta uma escrita leve e bem humorada. Então, pode-se afirmar que ela usa um tom de humor na seguinte passagem?
A) "Frase surrada, mas perfeita. "
B) "Somos perdulários nas atitudes e nas descrições".
C) "Concisão é uma questão de hábito e autoconfiança".
09. Na expressão "É escapar de armadilhas e descongestionar o pensamento", identifica-se o uso da figura de linguagem denominada
A) Metáfora.
B) Metonímia.
C) Antítese.
D) Eufemismo.
E) Anacoluto.
10. Em um mesmo texto, podemos encontrar mais de uma função de linguagem. No trecho a seguir retirado do texto de Marta Medeiros, percebe-se que a função da linguagem mais marcante é
"Para isso, é preciso ter noções de economia. Porque simplicidade é reduzir excessos. É feijão com arroz, preto no branco. Nada de purpurina e orquestra, recheios e encenações. Não precisamos de muita produção para viver. Basta saber dizer sim e não, e dissecar o que for mais complicado".
A) emotiva.
B) fática.
C) metalinguística.
D) referencial.
E) conativa.
GABARITO: 01. D/ 02. B/ 03. C/ 04. A/ 05. C/ 06. B/ 07. E/ 08. D/ 09. A/ 10. E.
A) as coisas mais simples têm um valor sentimental maior.
B) podemos ficar mais despreocupados e menos ansiosos.
C) sendo simples, gastamos e consumimos menos.
D) ela traz paz de espírito e mais união entre as pessoas.
E) nos
ajuda a realizar as atividades de forma funcional e ágil.
08. A autora apresenta uma escrita leve e bem humorada. Então, pode-se afirmar que ela usa um tom de humor na seguinte passagem?
A) "Frase surrada, mas perfeita. "
B) "Somos perdulários nas atitudes e nas descrições".
C) "Concisão é uma questão de hábito e autoconfiança".
D) "Zzzzzzzzz,
tarde demais, a moça pegou no sono".
E) "As pessoas exageram porque acham que não estão sendo notadas".09. Na expressão "É escapar de armadilhas e descongestionar o pensamento", identifica-se o uso da figura de linguagem denominada
A) Metáfora.
B) Metonímia.
C) Antítese.
D) Eufemismo.
E) Anacoluto.
10. Em um mesmo texto, podemos encontrar mais de uma função de linguagem. No trecho a seguir retirado do texto de Marta Medeiros, percebe-se que a função da linguagem mais marcante é
"Para isso, é preciso ter noções de economia. Porque simplicidade é reduzir excessos. É feijão com arroz, preto no branco. Nada de purpurina e orquestra, recheios e encenações. Não precisamos de muita produção para viver. Basta saber dizer sim e não, e dissecar o que for mais complicado".
A) emotiva.
B) fática.
C) metalinguística.
D) referencial.
E) conativa.
GABARITO: 01. D/ 02. B/ 03. C/ 04. A/ 05. C/ 06. B/ 07. E/ 08. D/ 09. A/ 10. E.