sábado, 29 de setembro de 2018

MODELO DE REDAÇÃO ESTILO ENEM (7)


Galera, no dia 25 de setembro, postei no blog uma proposta de redação sobre a "Questão do preconceito linguístico no Brasil". Esse tema é quentíssimo para o Enem 2018! Não deixem de conferir a proposta completa aqui no blog! 

Agora, postei uma redação modelo feita por mim para ajudar aqueles que ainda têm dificuldade em escrever sobre esse tema!

REDAÇÃO MODELO – PROFESSORA SUZIANE

TEMA: A QUESTÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL

Desde a colonização do Brasil, quando os portugueses impuseram o idioma português aos índios e aos negros, colocaram-no como o único correto e prestigiado para as pessoas se comunicarem adequadamente. As línguas indígenas e as dos negros trazidos da África eram consideradas inferiores e, por isso, deviam ser eliminadas do processo de comunicação interpessoal no Brasil. Desse modo, observa-se que a ideia de uma língua detentora de mais prestígio do que outras permanece até hoje na sociedade, gerando um preconceito descabido contra as formas de falar diferentes do padrão culto formal ensinado nas escolas e defendido por boa parte dos gramáticos.
Prefacialmente, cumpre informar que a concepção de “certo x errado” nas línguas surgiu na Grécia antiga, quando os gregos, ao estudarem os textos clássicos, acharam por bem considerar correto só o que estivesse de acordo com os clássicos e vice-versa. No Brasil, esse pensamento perdurou até o início século XX, quando as regras gramaticais eram criadas conforme o uso que era feito no português de Portugal e nas obras clássicas da literatura. Dessa forma, percebe-se que as obras dos grandes escritores ditaram as normas linguísticas, mesmo que a população já não as usasse mais no seu dia a dia para se comunicar ou as usasse de outra forma, diferente daquela considerada correta e ideal, o que acaba, por vezes, gerando um preconceito linguístico que se estende à questão cultural e social, visto que muitos que não utilizam o padrão culto da língua apresentam baixa escolaridade ou pertencem a grupos marginalizados na sociedade.
Outrossim, segundo o sociólogo Max Weber, “uma atitude hostil, negativa ou agressiva em relação a um determinado grupo, pode ser classificada como preconceito”. Então, partindo desse princípio, pode-se afirmar que a própria mídia incentiva o preconceito linguístico, quando destaca em filmes ou novelas, por exemplo, a fala nordestina como algo caricatural, engraçado e errado, estimulando no público um comportamento de rejeição e de deboche em relação a modos de falar diferentes daqueles que são valorizados nos telejornais e em programas que exigem dos apresentadores uma linguagem sem sotaque e entonações específicas de cada região do país.
Em suma, há de se perceber perfeitamente que o preconceito linguístico está presente em nosso cotidiano de várias formas, desde a escola até as mídias de modo geral. Desta feita, é fulcral que as instituições educadoras atualizem o ensino de português, tomando como base teorias linguistas mais modernas, a fim de mostrar às crianças e aos jovens as diferentes maneiras de interagir verbalmente e, assim, valorizar todas as formas de comunicação e cultura. Ademais, faz-se necessário que a mídia, principalmente a televisão, procure colocar, em seus programas, profissionais que falem com sotaques diferentes, sem exigir uma padronização, enaltecendo a riqueza e a variedade de linguagens presentes em todo território brasileiro para não estimular no público atitudes hostis e ofensivas, conforme destacou Max Weber.   

Professora Suziane Brasil Coelho

terça-feira, 25 de setembro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM (47) - PRECONCEITO LINGUÍSTICO



PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM 

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A QUESTÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.


TEXTO 1

O que é o Preconceito linguístico?

Preconceito linguístico é a discriminação existente entre os falantes de um mesmo idioma, onde não há o respeito pelas variações linguísticas, como sotaques, regionalismos, dialetos, gírias e demais diferenças da fala de determinado grupo.
Como preconceito linguístico entende-se qualquer forma de julgamento depreciativo contra o modo como alguém fala, principalmente pelo fato desta ter características regionais, históricas, culturais ou sociais que influenciam na sua estruturação.
A língua é dinâmica e mutável e está em constante desenvolvimento, se adaptando aos seus falantes. Afinal de contas, o principal objetivo da linguagem é a comunicação entre as pessoas de um mesmo grupo.
Todos os idiomas apresentam as suas gramáticas normativas, assim como diferentes variações linguísticas que se formam de acordo com uma série de fatores influenciadores, como a região, a faixa etária, o grupo social, aspectos culturais e demais fatores culturais dos seus falantes.

Disponível em https://www.significados.com.br/preconceito-linguistico/. Acesso em 25/09/2018.

TEXTO 2
Miss lamenta preconceito e declara ter orgulho do Ceará
Após sofrer críticas por causa do sotaque, a cearense Melissa Gurgel defende a diversidade de culturas

A Miss Brasil coroada no último sábado (27), Melissa Gurgel, pronunciou-se ontem pela primeira vez, por meio de uma rede social, sobre a discriminação sofrida após ter sido eleita a mulher mais bonita do Brasil. Depois da vitória no concurso, usuários de redes sociais postaram comentários de cunho preconceituoso, criticando o sotaque e a preferência dos jurados pela candidata cearense.
Na tarde desta terça-feira (30), Melissa Gurgel usou seu perfil pessoal no Instagram, rede dedicada ao compartilhamento de imagens, para opinar sobre a situação. A Miss declarou ser uma pessoa totalmente livre de preconceitos e lamentou o julgamento apenas pelo que as pessoas aparentam ser ou pelas características culturais.
Declarou ainda o amor pelo País, bem como o orgulho de ter nascido no Ceará, alegando que o Brasil é um país desenvolvido e acolhedor, sendo, portanto, desnecessárias situações retrógradas como a vivida por ela.
"Resolvi usar este espaço para me posicionar sobre este assunto tão triste que é o preconceito, seja do que for: religião, cor, estado de origem, orientação sexual... Enfim. O Brasil é um país com tanta diversidade de povos e culturas. Cada região tem a sua peculiaridade, seja no clima, na cultura ou no sotaque. E nós precisamos saber conviver com todas ela, admirá-las e respeitá-las. Só assim seremos reconhecidos lá fora como uma nação unida que preza pelos seus. Obrigada pelo carinho!", escreveu Melissa. Em seguida, vários admiradores apoiaram suas palavras, com comentários em apoio à Miss Brasil.
Crime
Na última segunda-feira (29), a Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) enviou ao Ministério Público Federal (MPF) representação e notícia-crime para que os responsáveis pelas publicações preconceituosas contra Melissa possam ser identificados e punidos.
Dentre as postagens discriminatórias na internet, usuários de redes sociais postaram mensagens como "Miss Ceará é bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível" e "Lembrem de deixar a TV no mudo quanto a Miss Ceará for dar a palestra dela no Miss Brasil do ano que vem".
De acordo com o presidente da OAB-CE em exercício, Ricardo Bacelar, o ato é classificado como racismo e incitação ao racismo, podendo levar à pena de dois a cinco anos de prisão.

Ranniery Melo
Repórter

TEXTO 3




TEXTO 4  
    
ENTREVISTA DO PROFESSOR, LINGUISTA, PESQUISADOR E POETA MARCOS BAGNO AO JORNAL EXTRA CLASSE DO RIO GRANDE DO SUL EM FEVEREIRO DE 2008
EC - Qual é a relação entre linguagem e poder?

Bagno - A linguagem é um importantíssimo elemento de dominação sociocultural e política, talvez o mais importante instrumento de dominação e opressão. Quem está no poder quer continuar nele e, para isso, a maneira de falar dos poderosos, dos privilegiados, se transforma numa arma de defesa do poder contra a eventual insurreição dos oprimidos. O lingüista italiano Maurizzio Gnerre, que trabalhou no Brasil, escreveu que a normapadrão tradicional é uma "cerca de arame farpado", que separa uma pequena elite de iluminados do resto da população. Não é por acaso que, em todas as sociedades européias, o modelo de língua "certa" tenha sempre se baseado no modo de falar das regiões mais ricas, politicamente importantes, centros do poder. Não é por acaso também que o inglêspadrão é chamado de "inglês da Rainha". Assim como o rei francês Luís XV dizia que "o Estado sou eu", os poderosos também podem dizer "língua é a minha" - o resto é "jargão", "algaravia", "dialeto", "caçanje", ou simplesmente "não é português".



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM (46) - PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL



A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “OS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL NO BRASIL”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

Opinião
Incêndio do Museu Nacional é vitória da intolerância e morte do conhecimento
por Felipe Milanezpublicado 03/09/2018

Mais de 12 horas de fogo consumiram itens fundamentais da história do Brasil
Na noite de domingo, 2 de setembro, na Quinta da Boa Vista, o cenário era de perplexidade diante da dimensão catastrófica do incêndio do Museu Nacional. A polícia tentava barrar pessoas indignadas que vinham oferecer seus braços para remediar a tragédia, alguns professores, estudantes e funcionários montaram vigília e estavam lá estarrecidos ao verem seus trabalhos de vida ardendo em chamas.
Bombeiros chegavam impotentes. Poucos jatos de agua cortavam a fumaça caindo nas brasas, numa falta evidente de planejamento para uma tragédia dessa dimensão que poderia ocorrer – descaso não dos bombeiros que estavam lá trabalhando, mas daqueles que construíram de forma objetiva a “falta de condições”.
Foi um domingo quente de sol no Rio, já uns dias sem chover, o que contribuiu para deixar todo o ar mais inflamável. Hidrantes estavam sem água. Há cada 20 minutos ou meia hora, chegava um caminhão pipa com água, apressado. Na escuridão do breu da mata da Quinta, reluzia ainda mais assustadora as chamas imensas que ganhavam um contorno mais apocalíptico nesse cenário devastador.
(...) O fogo no Museu Nacional é uma das maiores tragédias da humanidade - sim, muito além do Brasil -, é como a queima da Biblioteca de Alexandria da história do Brasil, da história da fauna, da flora, da história dos povos indígenas, da colonização... É uma destruição de memórias, de livros, de peças, de artefatos, de áudios, de imagens, de fósseis que sobreviveram a milhares de anos, de vidas inteiras dedicadas a pesquisa, de conhecimento acumulado para a humanidade, um acervo imprescindível para as futuras gerações. Mataram o conhecimento e, nesse sentido, provocaram um epistemicídio.
Ainda que não exista até o momento a determinação das causas do incêndio, certamente as condições para que ele ocorresse de forma tão devastadoras é sim um crime. E ao mesmo tempo, reflexo do País que nos tornamos, um país bruto, insensível, ignorante, desigual, autoritário.
Cortes das bolsas, falta de investimentos básicos. Se foi com Temer que ruiu o Museu, assim como tantos outros espaços públicos estão sendo destruídos, é evidente que muito poderia ter sido feito antes. Mas é difícil no país que se construiu, algum ministro ou governante pensar em um projeto que deve levar mais de dez anos, como seriam necessários para realizar verdadeiras obras no Museu Nacional.
O estrangulamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cortes seguidos do governo federal, o descaso, o desdém não são apenas falta de interesse, mas sim “um projeto”, como já disse Darcy Ribeiro. (...)
Destruir o Museu Nacional é uma vitória da intolerância, do Brasil escravista e colonizador, talvez esses alguns fantasmas que podem ter sido exumados pelo fogo e que estão vivendo tão junto na nossa contemporaneidade.



TEXTO II




TEXTO III
PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

Um povo é conhecido e identificado quando se analisa e se compreende seus valores, sua história e sua cultura. Para tanto, é consensual nos dias atuais, que é função do Estado e um dever da sociedade proteger o patrimônio histórico cultural, pois se trata da preservação da identidade de um povo.
Como se trata de uma função do Estado e um dever da sociedade, a Constituição Federal de 1988 coloca em seu artigo , inciso LXXIII a disposição de qualquer cidadão, a proteção do Patrimônio Histórico Cultural através da propositura de uma Ação Popular:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Percebe-se daí, a importância dada, pela constituição à proteção do Patrimônio Histórico Cultural. Além disso, a Magna Carta coloca a competência dos entes políticos, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção de documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, na medida em que inclui os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, inclusive devendo ser impedidas as destruições e descaracterizações de tais objetos, conforme o art. 23, III e IV. Isso clareia a função dos entes políticos em tomar medidas administrativas e políticas que venham a preservar e valorizar a cultura.