PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM
A partir da leitura dos textos
motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “A QUESTÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL”, apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
TEXTO 1
O
que é o Preconceito linguístico?
Preconceito linguístico é a discriminação existente entre os
falantes de um mesmo idioma, onde não há o respeito pelas
variações linguísticas, como sotaques, regionalismos, dialetos, gírias e demais
diferenças da fala de determinado grupo.
Como preconceito linguístico
entende-se qualquer forma de julgamento
depreciativo contra o modo como alguém fala, principalmente
pelo fato desta ter características regionais, históricas, culturais ou sociais
que influenciam na sua estruturação.
A língua é dinâmica e mutável e está
em constante desenvolvimento, se adaptando aos seus falantes. Afinal de contas,
o principal objetivo da linguagem é a comunicação entre as pessoas de um mesmo
grupo.
Todos os idiomas apresentam as suas
gramáticas normativas, assim como diferentes variações linguísticas que se formam de
acordo com uma série de fatores influenciadores, como a região, a faixa etária,
o grupo social, aspectos culturais e demais fatores culturais dos seus
falantes.
TEXTO 2
Miss
lamenta preconceito e declara ter orgulho do Ceará
Após sofrer críticas por causa do
sotaque, a cearense Melissa Gurgel defende a diversidade de culturas
A Miss Brasil coroada no último sábado
(27), Melissa Gurgel, pronunciou-se ontem pela primeira vez, por meio de uma
rede social, sobre a discriminação sofrida após ter sido eleita a mulher mais
bonita do Brasil. Depois da vitória no concurso, usuários de redes sociais
postaram comentários de cunho preconceituoso, criticando o sotaque e a
preferência dos jurados pela candidata cearense.
Na tarde desta terça-feira (30),
Melissa Gurgel usou seu perfil pessoal no Instagram, rede dedicada ao
compartilhamento de imagens, para opinar sobre a situação. A Miss declarou ser
uma pessoa totalmente livre de preconceitos e lamentou o julgamento apenas pelo
que as pessoas aparentam ser ou pelas características culturais.
Declarou ainda o amor pelo País, bem
como o orgulho de ter nascido no Ceará, alegando que o Brasil é um país
desenvolvido e acolhedor, sendo, portanto, desnecessárias situações retrógradas
como a vivida por ela.
"Resolvi usar este espaço para me
posicionar sobre este assunto tão triste que é o preconceito, seja do que for:
religião, cor, estado de origem, orientação sexual... Enfim. O Brasil é um país
com tanta diversidade de povos e culturas. Cada região tem a sua peculiaridade,
seja no clima, na cultura ou no sotaque. E nós precisamos saber conviver com
todas ela, admirá-las e respeitá-las. Só assim seremos reconhecidos lá fora
como uma nação unida que preza pelos seus. Obrigada pelo carinho!",
escreveu Melissa. Em seguida, vários admiradores apoiaram suas palavras, com
comentários em apoio à Miss Brasil.
Crime
Na última segunda-feira (29), a Ordem
dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) enviou ao Ministério Público Federal
(MPF) representação e notícia-crime para que os responsáveis pelas publicações
preconceituosas contra Melissa possam ser identificados e punidos.
Dentre as postagens discriminatórias
na internet, usuários de redes sociais postaram mensagens como "Miss Ceará
é bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível" e
"Lembrem de deixar a TV no mudo quanto a Miss Ceará for dar a palestra
dela no Miss Brasil do ano que vem".
De
acordo com o presidente da OAB-CE em exercício, Ricardo Bacelar, o ato é
classificado como racismo e incitação ao racismo, podendo levar à pena de dois
a cinco anos de prisão.
Ranniery Melo
Repórter
Repórter
Disponível em http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/miss-lamenta-preconceito-e-declara-ter-orgulho-do-ceara-1.1113219. Acesso em 25/09/2018.
TEXTO 3
Disponível em https://blog.enem.com.br/2a-redacao-abril-o-preconceito-linguistico-no-brasil/.
Acesso em 25/09/18.
TEXTO
4
ENTREVISTA DO PROFESSOR,
LINGUISTA, PESQUISADOR E POETA MARCOS BAGNO AO JORNAL EXTRA CLASSE DO RIO
GRANDE DO SUL EM FEVEREIRO DE 2008
EC - Qual é a relação
entre linguagem e poder?
Bagno - A linguagem é um importantíssimo
elemento de dominação sociocultural e política, talvez o mais importante
instrumento de dominação e opressão. Quem está no poder quer continuar nele e,
para isso, a maneira de falar dos poderosos, dos privilegiados, se transforma
numa arma de defesa do poder contra a eventual insurreição dos oprimidos. O
lingüista italiano Maurizzio Gnerre, que trabalhou no Brasil, escreveu que a
normapadrão tradicional é uma "cerca de arame farpado", que separa
uma pequena elite de iluminados do resto da população. Não é por acaso que, em
todas as sociedades européias, o modelo de língua "certa" tenha
sempre se baseado no modo de falar das regiões mais ricas, politicamente
importantes, centros do poder. Não é por acaso também que o inglêspadrão é
chamado de "inglês da Rainha". Assim como o rei francês Luís XV dizia
que "o Estado sou eu", os poderosos também podem dizer "língua é
a minha" - o resto é "jargão", "algaravia",
"dialeto", "caçanje", ou simplesmente "não é
português".
Disponível
em http://relin.letras.ufmg.br/shlee/Bagno_Entrevista2008.pdf.
Acesso em 25/09/18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário