terça-feira, 25 de setembro de 2018

PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM (47) - PRECONCEITO LINGUÍSTICO



PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO ENEM 

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A QUESTÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.


TEXTO 1

O que é o Preconceito linguístico?

Preconceito linguístico é a discriminação existente entre os falantes de um mesmo idioma, onde não há o respeito pelas variações linguísticas, como sotaques, regionalismos, dialetos, gírias e demais diferenças da fala de determinado grupo.
Como preconceito linguístico entende-se qualquer forma de julgamento depreciativo contra o modo como alguém fala, principalmente pelo fato desta ter características regionais, históricas, culturais ou sociais que influenciam na sua estruturação.
A língua é dinâmica e mutável e está em constante desenvolvimento, se adaptando aos seus falantes. Afinal de contas, o principal objetivo da linguagem é a comunicação entre as pessoas de um mesmo grupo.
Todos os idiomas apresentam as suas gramáticas normativas, assim como diferentes variações linguísticas que se formam de acordo com uma série de fatores influenciadores, como a região, a faixa etária, o grupo social, aspectos culturais e demais fatores culturais dos seus falantes.

Disponível em https://www.significados.com.br/preconceito-linguistico/. Acesso em 25/09/2018.

TEXTO 2
Miss lamenta preconceito e declara ter orgulho do Ceará
Após sofrer críticas por causa do sotaque, a cearense Melissa Gurgel defende a diversidade de culturas

A Miss Brasil coroada no último sábado (27), Melissa Gurgel, pronunciou-se ontem pela primeira vez, por meio de uma rede social, sobre a discriminação sofrida após ter sido eleita a mulher mais bonita do Brasil. Depois da vitória no concurso, usuários de redes sociais postaram comentários de cunho preconceituoso, criticando o sotaque e a preferência dos jurados pela candidata cearense.
Na tarde desta terça-feira (30), Melissa Gurgel usou seu perfil pessoal no Instagram, rede dedicada ao compartilhamento de imagens, para opinar sobre a situação. A Miss declarou ser uma pessoa totalmente livre de preconceitos e lamentou o julgamento apenas pelo que as pessoas aparentam ser ou pelas características culturais.
Declarou ainda o amor pelo País, bem como o orgulho de ter nascido no Ceará, alegando que o Brasil é um país desenvolvido e acolhedor, sendo, portanto, desnecessárias situações retrógradas como a vivida por ela.
"Resolvi usar este espaço para me posicionar sobre este assunto tão triste que é o preconceito, seja do que for: religião, cor, estado de origem, orientação sexual... Enfim. O Brasil é um país com tanta diversidade de povos e culturas. Cada região tem a sua peculiaridade, seja no clima, na cultura ou no sotaque. E nós precisamos saber conviver com todas ela, admirá-las e respeitá-las. Só assim seremos reconhecidos lá fora como uma nação unida que preza pelos seus. Obrigada pelo carinho!", escreveu Melissa. Em seguida, vários admiradores apoiaram suas palavras, com comentários em apoio à Miss Brasil.
Crime
Na última segunda-feira (29), a Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) enviou ao Ministério Público Federal (MPF) representação e notícia-crime para que os responsáveis pelas publicações preconceituosas contra Melissa possam ser identificados e punidos.
Dentre as postagens discriminatórias na internet, usuários de redes sociais postaram mensagens como "Miss Ceará é bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível" e "Lembrem de deixar a TV no mudo quanto a Miss Ceará for dar a palestra dela no Miss Brasil do ano que vem".
De acordo com o presidente da OAB-CE em exercício, Ricardo Bacelar, o ato é classificado como racismo e incitação ao racismo, podendo levar à pena de dois a cinco anos de prisão.

Ranniery Melo
Repórter

TEXTO 3




TEXTO 4  
    
ENTREVISTA DO PROFESSOR, LINGUISTA, PESQUISADOR E POETA MARCOS BAGNO AO JORNAL EXTRA CLASSE DO RIO GRANDE DO SUL EM FEVEREIRO DE 2008
EC - Qual é a relação entre linguagem e poder?

Bagno - A linguagem é um importantíssimo elemento de dominação sociocultural e política, talvez o mais importante instrumento de dominação e opressão. Quem está no poder quer continuar nele e, para isso, a maneira de falar dos poderosos, dos privilegiados, se transforma numa arma de defesa do poder contra a eventual insurreição dos oprimidos. O lingüista italiano Maurizzio Gnerre, que trabalhou no Brasil, escreveu que a normapadrão tradicional é uma "cerca de arame farpado", que separa uma pequena elite de iluminados do resto da população. Não é por acaso que, em todas as sociedades européias, o modelo de língua "certa" tenha sempre se baseado no modo de falar das regiões mais ricas, politicamente importantes, centros do poder. Não é por acaso também que o inglêspadrão é chamado de "inglês da Rainha". Assim como o rei francês Luís XV dizia que "o Estado sou eu", os poderosos também podem dizer "língua é a minha" - o resto é "jargão", "algaravia", "dialeto", "caçanje", ou simplesmente "não é português".



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