REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL – FILOSOFIA
PROFESSORA SUZIANE BRASIL COELHO
Byung-Chul Han é um filósofo sul-coreano que se dedicou a analisar as estruturas da sociedade do século XXI para entender como o modelo de produção da última fase do capitalismo tem interferido diretamente na vida psicológica das pessoas. Partindo da psicanálise, da filosofia existencialista e de análises sociológicas, Han tenta entender o vínculo entre os distúrbios psiquiátricos comuns em nossos tempos, como a síndrome de burnout, a depressão e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), com o ritmo de vida que a nossa sociedade cobra das pessoas.
PENSAMENTOS |
COMENTÁRIOS |
TEMAS |
1. “Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização”. |
Byung-Chul Han
acredita que o desejo consumista incentivado pelo capitalismo faz os
indivíduos se explorarem no trabalho, pensando em ganhar mais, para comprar
mais, para ostentar mais, acreditando que está se realizando. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
Trabalho escravo no século XXI ·
Exploração capitalista no
século XXI ·
As relações trabalhistas no
século XXI |
2. “Nesta sociedade de compulsão, todo mundo carrega em si um campo de
trabalho. Este campo de trabalho é definido pelo fato de que somos
simultaneamente prisioneiros e guardas, vítimas e agressores. Exploramos a
nós mesmos. Isso significa que a exploração é possível mesmo sem dominação”. |
Karl Marx explicou
a ordem econômica capitalista, o poder do capital e como as relações de
dominação entre patrão e empregado se estabeleciam. Atualmente, segundo
Byung-Chul Han, as pessoas se exploram, trabalham cada vez mais para
sustentar seus desejos consumistas, por isso ele ressalta que a exploração
pode ocorrer mesmo sem a exploração do patrão, mas do próprio trabalhador por
ele mesmo. |
TEMAS: ·
Trabalho escravo no século XXI ·
Exploração capitalista no
século XXI ·
As relações trabalhistas no
século XXI |
3. “Sem a presença do outro, a comunicação degenera em um intercâmbio de
informação: as relações são substituídas pelas conexões, e assim só se
conecta com o igual; a comunicação digital é somente visual, perdemos todos
os sentidos; vivemos uma fase em que a comunicação está debilitada como
nunca: a comunicação global e dos likes só tolera os mais iguais; o igual não
dói”! |
As relações por
meio digitais, sem o contanto presencial com o outro, impedem que
desenvolvamos habilidades de relacionamento que só a proximidade permite que
aprendamos, dentre elas, está a aceitação das diferenças dos outros, o
respeito a opiniões diferentes, o sentimento de bem-estar pelas boas
atitudes. No meio digital, há uma preferência pelos iguais, iguais na
aparência, iguais no estilo de vida, iguais nas ideias. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
O combate aos preconceitos
(racial, social, estético, religioso, sexual...) ·
Relações interpessoais no
século XXI ·
O comportamento intolerante na
contemporaneidade ·
O discurso de ódio nas redes
sociais ·
Padronização da sociedade: a
cultura do igual. |
4. “Homens e mulheres comuns, tendo a oportunidade de uma vida feliz, se
tornarão mais gentis e menos persecutórios e inclinados a encarar os outros
com suspeita”. |
A vida difícil, as
necessidades gritantes, o convívio direto com a violência, as injustiças deixam
as pessoas menos sensíveis, mais desconfiadas, mais ofensivas, dispostas a
tudo para saírem daquela situação. Por isso, Han defende que pessoas comuns,
tendo a oportunidade de uma vida menos cruel, tornar-se-iam seres melhores. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
Desigualdade social e suas
implicações. ·
Melhores oportunidades de vida
para todos. ·
As consequências de uma vida
equilibrada e saudável. ·
Caminhos para combater a
violência social. |
5. “Nunca ninguém está mais ativo do que quando não faz nada, nunca está
menos sozinho do que quando está consigo mesmo”. |
Quando temos a
oportunidade de parar, descansar, esquecer obrigações e compromissos, temos a
chance de refletir sobre a vida, de criar, de ter ideias inovadoras. O ócio
produtivo desperta a reflexão e a imaginação. O mesmo acontece quando se
aprende que, muitas vezes, estar só pode ajudar no autoconhecimento, na
descoberta daquilo que te faz bem, que te realiza; que sua felicidade não pode
depender do outro, mas de você mesmo. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
O ócio produtivo ·
A importância do
autoconhecimento |
6. “A depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso
de positividade”. |
O excesso de
positividade dificulta, muitas vezes, a nossa capacidade de aceitar as
situações que dão errado, isto é, acabamos sem saber lidar com as
frustrações, o que pode gerar a depressão. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
Depressão na contemporaneidade ·
As exigências da vida moderna ·
Frustrações e decepções: como
lidar com elas? |
7. “A queixa do indivíduo depressivo, "nada é possível",
só pode ocorrer em uma sociedade que pensa que "nada é impossível"”. |
O “nada é
impossível” está relacionado com a questão do excesso de positividade.
Segundo Han, viver em uma sociedade querendo ter tudo, ser perfeito e
totalmente realizado, é muito difícil, porque, quando percebe que não vai
conseguir tudo isso, o indivíduo começa a se achar incompetente e entrar em
depressão. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
Depressão na contemporaneidade ·
As exigências da vida moderna ·
Frustrações e decepções: como
lidar com elas? |
8. “A perda
moderna da fé, que não diz respeito apenas a Deus e ao além, mas à própria realidade,
torna a vida humana radicalmente transitória”. |
A fé a que
Byung-Chul Han se refere vai além da religiosa, diz respeito à fé nos valores
humanos, na esperança de uma vida melhor, no fim da corrupção, na diminuição
da violência, do preconceito.... Essa falta de fé contribui para que a vida
tenha menos valor, menos sentido, menos importância, isto é, seja
radicalmente transitória. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
O combate à corrupção no
Brasil ·
O resgaste dos valores éticos
para a construção de uma sociedade harmônica e justa. ·
Depressão na contemporaneidade |
9. “Nós nos
transformamos em zumbis saudáveis e fitness, zumbis do desempenho e do
botox”. |
Estamos vivendo
uma época de muita exibição pessoal nas redes sociais, na tentativa de atrair
seguidores, curtidas, mensagens, directs, por meio da estética perfeita, que
não envelhece, que não adoece, que não tem “defeitos”, que acompanha as
tendências. O termo “zumbis” simboliza as pessoas que se deixam levar por
essa busca opressora pela beleza. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
A hipervalorização da imagem
nas redes sociais ·
A busca pela perfeição
corporal em tempos de exibição nas redes sociais. ·
Os limites da busca pela
perfeição estética em detrimento da saúde. |
10. “O
hipercapitalismo atual dissolve totalmente a existência humana numa rede de
relações comerciais”. |
A existência do
ser humano hoje se baseia somente na busca pela sobrevivência por parte dos
mais pobres e na busca pelo lucro por parte dos mais ricos. Isto quer dizer
que o hipercapitalismo não permite relações sinceras de amizade, de empatia
pelo outro, de proteção ao meio ambiente, somente relações comerciais em prol
dos interesses econômicos. (Suziane B. Coelho) |
TEMAS: ·
Relações interpessoais no
século XXI. ·
A valorização do ter em detrimento
do ser. |