PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO UECE – 2022
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
Um assunto vem sendo discutido nos
últimos meses devido a relatos de pessoas famosas contra o médico Renato Kalil:
a violência obstétrica. Esse tema é de grande relevância, porque muitas
mulheres sofrem esse tipo de agressão médica, sem terem consciência de que
estão sendo vítimas de um crime e de que possuem direitos garantidos por lei.
Proposta 1: Imagine-se como um (a) médico (a) ginecologista-obstétrica escrevendo um artigo de opinião para ser publicado na seção Opinião, em um jornal de circulação nacional, em que ela comenta o direito da mulher a ter atendimento respeitoso e humanizado durante a gestação, o parto e o período puerpério e também critica a violência obstétrica.
Proposta 2: Escreva um depoimento, que irá compor uma reportagem de um site jornalístico sobre violência obstétrica, narrando a sua experiência traumática no parto do seu primeiro filho. O depoimento tem por objetivo alertar outras mulheres sobre esse tipo de violência e da possibilidade de denunciar.
TEXTO 1
Violência
obstétrica: o que é, como identificar e como denunciar
Procedimentos desnecessários ou não autorizados pela gestante se encaixam no quadro de violência obstétrica. Paciente não pode ser desrespeitada ou não informada sobre quaisquer procedimentos.
Violência obstétrica é o termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde durante a gestação, na hora do parto, nascimento ou pós-parto. Os maus tratos podem incluir violência física ou psicológica, podendo fazer da experiência do parto um momento traumático para a mulher ou o bebê. É importante ressaltar que a violência obstétrica pode ocorrer durante o período de gestação, no parto ou pós-parto.
A violência obstétrica está relacionada não apenas ao trabalho de profissionais de saúde, mas também a falhas estruturais de clínicas, hospitais e do sistema de saúde como um todo. (...)
https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/12/12/violencia-obstetrica-o-que-e-como-identificar-e-como-denunciar.ghtml
TEXTO 2
A confeiteira Talita
Kellen, de 33 anos, passou por vários momentos de desrespeito antes, durante e
pós-parto. Xingada durante o trabalho de expulsão do bebê, Talita jamais vai se
esquecer do parto transformado em pesadelo.
“Era para ser um sonho
mas se tornou um verdadeiro pesadelo. Fui internada com 42 semanas de gestação,
sem nada de dilatação e o parto foi induzido. Eu jamais vou me esquecer que fui
xingada que eu era fraca, que ao invés de estar ali falando algumas coisas eu
devia estar fazendo força para o meu filho nascer. Por fim eu não estava
aguentando mais, eu pedi muito para fazer uma cesária, mas até aí nesse ponto
me xingaram, que eu não sabia o que que era uma cesária, me deram o famoso
pique. João Miguel nasceu fazendo cocô, xixi e não chorou”, conta.
“Isso tudo
depois acarretou muita coisa para mim. A questão da amamentação no hospital
também, ninguém me ensinou como que era a amamentação e João Miguel não pegava
no peito, lá mesmo eles só queriam dar a fórmula para o meu filho, eu não
deixei. A maternidade também foi um pesadelo.
O baque foi
tão grande que nem filho mais Talita quer e nem planeja ter mais. “Eu não quero
mais filho, eu tenho um trauma muito grande, eu carrego esse trauma comigo e eu
sei que muitas mulheres ainda passam por isso caladas.” (...)
https://www.itatiaia.com.br/noticia/serie-especial-traz-depoimentos-de-mulheres-que-sofreram-violencia-no-parto
TEXTO 3
OCORRÊNCIAS QUE PODEM CONFIGURAR VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
*Exigência de jejum ou restrição da dieta na hora do parto
É importante que, durante o trabalho de parto,
a gestante esteja forte e tenha energia. A recomendação é que faça uma dieta
leve.
“Há risco de vômito durante o parto, mas, em
momento algum, ela precisa ficar com o estômago totalmente vazio. Por isso, não
faz sentido deixá-la sem comer”, diz Luciano Curuci, ginecologista e presidente
do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP).
*Uso de ocitocina sem indicação médica
Esse hormônio sintético é conhecido por
estimular as contrações, mas não deve ser aplicado de forma rotineira. Ainda
assim, foi utilizado em 36% dos partos entre 2011 e 2012, segundo dados da
pesquisa Nascer no Brasil.
“O médico acompanha a evolução do parto com
base em vários detalhes, como dilatação, altura da posição fetal e contagem de
contrações. Se houver uma estagnação nesses índices, o uso da ocitocina pode
ser um caminho”, ensina Curuci.
*Realização da episiotomia
É um procedimento cirúrgico que consiste em uma
incisão no períneo para ampliar o canal vaginal e, assim, acelerar a saída do
bebê. É um recurso agressivo e sujeito a várias complicações. Tanto o
Ministério da Saúde como a Organização Mundial da Saúde pedem para que ele seja
evitado.
A episiotomia só deveria ser colocada em
prática em situações extremas – quando, por exemplo, o feto corre risco de
vida.
*Obrigar a mulher a ficar na posição de litotomia (ou ginecológica)
É aquela que a gente costuma ver em filmes: a
grávida fica deitada com as pernas erguidas, flexionadas e apoiadas em um
suporte metálico (conhecido como perneira).
Noronha explica que há algumas circunstâncias
em que essa posição até pode ser solicitada, como após a aplicação de
anestesia. “Mas o ideal é garantir a movimentação livre da mãe”, avisa.
*Utilização do fórceps
Semelhante a uma colher, esse instrumento é
usado para apreender a cabeça da criança e tirá-la do canal de parto.
“Ele pode ser empregado em partos muito prolongados
e que começam a ser perigosos para a vida do bebê, com risco de hipóxia
cerebral [falta de oxigenação no cérebro]”, observa Curuci. (...)
Outros procedimentos condenáveis
·
Negar
anestésico para mães com dor
·
Negar
a presença de acompanhante durante todo o processo – isso é, inclusive,
garantido por uma lei federal
·
Falta
de privacidade durante o parto
·
Violência
física ou verbal, com ameaças, gritos, piadas e tapas
·
Impedir
o contato pele a pele da mãe com o bebê e a amamentação na primeira hora de
vida (caso seja um nascimento sem intercorrências) e/ou separá-los por
protocolo
·
“Ponto
do marido”: procedimento em que é dado um ponto na vagina para deixá-la mais
fechada após o parto. (...)
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