quinta-feira, 15 de setembro de 2022

PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO UECE (Nº 4) - VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

 

PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO UECE – 2022

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

 Prezado (a) Candidato(a)

Um assunto vem sendo discutido nos últimos meses devido a relatos de pessoas famosas contra o médico Renato Kalil: a violência obstétrica. Esse tema é de grande relevância, porque muitas mulheres sofrem esse tipo de agressão médica, sem terem consciência de que estão sendo vítimas de um crime e de que possuem direitos garantidos por lei.

Proposta 1: Imagine-se como um (a) médico (a) ginecologista-obstétrica escrevendo um artigo de opinião para ser publicado na seção Opinião, em um jornal de circulação nacional, em que ela comenta o direito da mulher a ter atendimento respeitoso e humanizado durante a gestação, o parto e o período puerpério e também critica a violência obstétrica.

Proposta 2: Escreva um depoimento, que irá compor uma reportagem de um site jornalístico sobre violência obstétrica, narrando a sua experiência traumática no parto do seu primeiro filho. O depoimento tem por objetivo alertar outras mulheres sobre esse tipo de violência e da possibilidade de denunciar.  

TEXTO 1

Violência obstétrica: o que é, como identificar e como denunciar

Procedimentos desnecessários ou não autorizados pela gestante se encaixam no quadro de violência obstétrica. Paciente não pode ser desrespeitada ou não informada sobre quaisquer procedimentos.

Um áudio vazado de uma conversa íntima mostra a influencer digital Shantal Verdelho acusando o médico obstetra Renato Kalil de cometer violência obstétrica durante o parto de sua segunda filha, em setembro de 2021. Ela afirma que o médico usou palavrões durante o parto e expôs sua intimidade para o pai da criança, Mateus Verdelho, durante o procedimento e também para terceiros.
O que é violência obstétrica?
    Violência obstétrica é o termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde durante a gestação, na hora do parto, nascimento ou pós-parto. Os maus tratos podem incluir violência física ou psicológica, podendo fazer da experiência do parto um momento traumático para a mulher ou o bebê. É importante ressaltar que a violência obstétrica pode ocorrer durante o período de gestação, no parto ou pós-parto.
    A violência obstétrica está relacionada não apenas ao trabalho de profissionais de saúde, mas também a falhas estruturais de clínicas, hospitais e do sistema de saúde como um todo. (...)

https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/12/12/violencia-obstetrica-o-que-e-como-identificar-e-como-denunciar.ghtml

TEXTO 2

A confeiteira Talita Kellen, de 33 anos, passou por vários momentos de desrespeito antes, durante e pós-parto. Xingada durante o trabalho de expulsão do bebê, Talita jamais vai se esquecer do parto transformado em pesadelo.

“Era para ser um sonho mas se tornou um verdadeiro pesadelo. Fui internada com 42 semanas de gestação, sem nada de dilatação e o parto foi induzido. Eu jamais vou me esquecer que fui xingada que eu era fraca, que ao invés de estar ali falando algumas coisas eu devia estar fazendo força para o meu filho nascer. Por fim eu não estava aguentando mais, eu pedi muito para fazer uma cesária, mas até aí nesse ponto me xingaram, que eu não sabia o que que era uma cesária, me deram o famoso pique. João Miguel nasceu fazendo cocô, xixi e não chorou”, conta. 

“Isso tudo depois acarretou muita coisa para mim. A questão da amamentação no hospital também, ninguém me ensinou como que era a amamentação e João Miguel não pegava no peito, lá mesmo eles só queriam dar a fórmula para o meu filho, eu não deixei. A maternidade também foi um pesadelo. 

O baque foi tão grande que nem filho mais Talita quer e nem planeja ter mais. “Eu não quero mais filho, eu tenho um trauma muito grande, eu carrego esse trauma comigo e eu sei que muitas mulheres ainda passam por isso caladas.”  (...)

https://www.itatiaia.com.br/noticia/serie-especial-traz-depoimentos-de-mulheres-que-sofreram-violencia-no-parto

TEXTO 3

OCORRÊNCIAS QUE PODEM CONFIGURAR VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

*Exigência de jejum ou restrição da dieta na hora do parto

É importante que, durante o trabalho de parto, a gestante esteja forte e tenha energia. A recomendação é que faça uma dieta leve.

“Há risco de vômito durante o parto, mas, em momento algum, ela precisa ficar com o estômago totalmente vazio. Por isso, não faz sentido deixá-la sem comer”, diz Luciano Curuci, ginecologista e presidente do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP).

 *Uso de ocitocina sem indicação médica

Esse hormônio sintético é conhecido por estimular as contrações, mas não deve ser aplicado de forma rotineira. Ainda assim, foi utilizado em 36% dos partos entre 2011 e 2012, segundo dados da pesquisa Nascer no Brasil.

“O médico acompanha a evolução do parto com base em vários detalhes, como dilatação, altura da posição fetal e contagem de contrações. Se houver uma estagnação nesses índices, o uso da ocitocina pode ser um caminho”, ensina Curuci.

 *Realização da episiotomia

É um procedimento cirúrgico que consiste em uma incisão no períneo para ampliar o canal vaginal e, assim, acelerar a saída do bebê. É um recurso agressivo e sujeito a várias complicações. Tanto o Ministério da Saúde como a Organização Mundial da Saúde pedem para que ele seja evitado.

A episiotomia só deveria ser colocada em prática em situações extremas – quando, por exemplo, o feto corre risco de vida.

 *Obrigar a mulher a ficar na posição de litotomia (ou ginecológica)

É aquela que a gente costuma ver em filmes: a grávida fica deitada com as pernas erguidas, flexionadas e apoiadas em um suporte metálico (conhecido como perneira).

Noronha explica que há algumas circunstâncias em que essa posição até pode ser solicitada, como após a aplicação de anestesia. “Mas o ideal é garantir a movimentação livre da mãe”, avisa.

 *Utilização do fórceps

Semelhante a uma colher, esse instrumento é usado para apreender a cabeça da criança e tirá-la do canal de parto.

“Ele pode ser empregado em partos muito prolongados e que começam a ser perigosos para a vida do bebê, com risco de hipóxia cerebral [falta de oxigenação no cérebro]”, observa Curuci. (...)

 Outros procedimentos condenáveis

·        Negar anestésico para mães com dor

·        Negar a presença de acompanhante durante todo o processo – isso é, inclusive, garantido por uma lei federal

·        Falta de privacidade durante o parto

·        Violência física ou verbal, com ameaças, gritos, piadas e tapas

·        Impedir o contato pele a pele da mãe com o bebê e a amamentação na primeira hora de vida (caso seja um nascimento sem intercorrências) e/ou separá-los por protocolo

·        “Ponto do marido”: procedimento em que é dado um ponto na vagina para deixá-la mais fechada após o parto. (...)

Leia mais em: https://saude.abril.com.br/medicina/violencia-obstetrica-o-que-e/